27/08/2013

Uma aula de cidadania na abertura do 9° Encontro

A palestrante da noite de abertura do 9° Encontro da Experiência do SINJUSC surpreendeu a plateia que lotou o auditório do Hotel Torres da Cachoeira. Clair Castilhos tratou de cultura, política, economia e filosofia com uma naturalidade ímpar. O resultado foi um debate qualificado e esclarecedor, ocorrido em seguida.
A abertura que precedeu a exposição da professora Clair Castilhos contou com o  representante do Núcleo de Aposentados, Luiz Nascimento Carvalho, e Alessandro Pickcius, da diretoria executiva do Sindicato. A diretora Liliane Fátima de Araújo conduziu os trabalhos na abertura e foi mediadora no debate aberto entre a palestrante Clair Castilhos e a plateia.
Riqueza da cultura - Se há elementos com os quais Clair Castilhos sabe lidar, um deles é a leitura da sociedade a partir do sistema de produção. No caso deste Encontro da Experiência, cujo eixo é a cultura e sua inserção como elemento social transformador, a palestrante partiu de um olhar sobre herança cultural e capacidade do nosso povo em incluir outros diferentes povos, misturando-se e fomentando algo sempre novo.
Miséria da cultura - A diversidade cultural desse entrelaçamento, alertou no entanto Clair, "não é a mesma coisa que esta globalização apregoada pelo neoliberalismo", em que o mercado se pretende maior do que os povos e os governos. Ela tocou ainda no uso da cultura como agente de passividade, para que o povo não se rebele diante da privatização do Estado, observado, por exemplo, no salvamento de bancos privados na beira da bancarrota, no pagamento de juros para os rentistas que investem em títulos do governo, e no superávit primário. "Junto, privatiza-se a cultura, que a título de uma falsa naturalidade, passa a ser financiada pelo privado e conforme o que lhe convém, sem que o Estado interfira mediante políticas públicas para o setor".
Mudar e transformar - A cultura pode ser transformadora, estopim de mudança, mas para isto deve ser guiada pelo entendimento do coletivo, e não do privado, afirmou com veemência Clair Castilhos. Para ela, o Brasil ainda está muito distante de entender que investimento público em cultura tem elevada importância, porque a expressão do povo provoca, nele, um passo adiante na compreensão do que seja cidadania, independência e sociedade que se olha. Conforme dado apresentado por ela, em 2011 o Brasil investiu apenas 0,06% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas pela Nação, em cultura, e mais de 40% no pagamento de resgate de títulos do governo e juros.
Mais cultura - Nesta terça-feira, o 9º Encontro da Experiência prossegue a partir das 9 horas, com uma mesa em que se apresentam a jovem escritora Patrícia Galelli, autora do livro Carne Falsa, lançado mês passado em Florianópolis e que teve boa recepção pela crítica, por conta do estilo arrojado e sintético, Alcides Buss, que completou mais de 30 anos como poeta, implementador de políticas municipais de difusão de cultura para o povo, e pela jornalista especialista em coberturas culturais Néri Pedroso.
À tarde, a partir das 14 horas, Maria Miguelina da Silva, coordenadora do Ponto de Cultura Uma Ilha se Olha2, mostra os caminhos práticos para se instalar um ponto de cultura até mesmo em uma garagem. Ao final do dia, uma sessão de cinema apresenta os curtas Meninos do Contestado e o premiadíssimo Qual Queijos Você Quer?, com a presença da diretora Cíntia Domit Bittar, para um bate-papo com o público. O Encontro será encerrado ao meio-dia de quarta-feira, depois de atividades em grupo e apresentação cultural. (Fotos Rubens Lunge) Veja mais fotos aqui